quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


QUEM ÉS TU?
Senhor Desejo busca respostas e procura indagar a Senhora Solidão:
─Quem és tu? Que fizestes comigo? Não paro de pensar em ti.

Por que agora te parece tarde se o cedo para nós é apenas uma

inspiração poética? Será justo transformar essa atração entre

nós em um sentimento natimorto? Insensatez, pecado, leviandade

são apenas adjetivos cujo poder depende tão somente de nossa concessão.
-Não, não me proponham lenitivo algum, e muita menos a indiferença

esse cruel sentimento de antiamor. Imaginar-te neste instante, absorvida

por tarefas domésticas e obrigações matrimoniais, não anulam meu tesão,

faz meu coração bater mais rápido e tudo isso faz aumentar meu desejo

por ti. Lembras como tudo aconteceu tão desastradamente? Com alegria

e riso, havia algo de irônico... Era o destino reencontrando almas, numa

ação definitiva e surpreendente, suave e linda, doce, simples e completa.

Como devemos deixar que tudo aconteça no cotidiano. Imagino-te, minha

doce Senhora, carente, solitária ao redor de muita gente, anos de

experiência, palavras calculadas e a excitação do momento terno e eterno,

meus olhos perscrutando os teus segredos e a vontade louca de sentir

teu cheiro, tua feminilidade, tão intensa e envolvente.
Se nossas palavras são verdadeiras, não as condene a dor do silêncio,

se nossos corpos não são livres, não aprisione nossos sentimentos.

Vamos viver esse desejo em segredo - será nosso segredo.

Fátima Pessoa

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