quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008



(5) SONHOS

Naquela noite, sonhara que estaria esvoaçante naquela imensidão de relva fresca, úmida de orvalho, sensação de liberdade, enrolara-se naquela fertilidade de cores e aromas, umidade verde que a deixava embriagada, nenhum pensamento, apenas movimento. Alguém se aproxima e ela sente o beijo, olhos fechados, cabelos ao vento, enxugavam-se de prazer, ria baixinho como a temer que se acabasse aquela volúpia... Ri da própria alegria e da embriaguez, busca o olhar e a boca do Senhor Desejo, enroscada a seu corpo quente, alisa seus braços, corpo sobre o mesmo tesão, mergulhando surdamente naquele ciclone de sensações, com vontade de morder estrelas (*...). Tão perfeito o momento, certeza de lembrar para sempre.
(Estaria enganada? E aquela sensação de saciez?... A lembrança dos gemidos de prazer, o orgasmo selvagem...) Agarrara-se violentamente nele, suas pernas escancaradas e os movimentos rítmicos de reação de suas nádegas...
As entranhas pulsando... Soluçara profundamente arqueando as costas até seus seios serem tomados e sugados vigorosamente, quando aproximou sua boca da dele e deu-lhe uma violenta mordida nos lábios... Teria sido tudo apenas um sonho?
Percebeu que ainda existia a Terra, o seu corpo ainda dispersava no ar... Centro de mulher úmido – provas de um mundo físico, mas ainda era ser simplesmente feminino-essencial-ternura.
...

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